THOMAS HOBBES
Thomas Hobbes - (1588-1679) nasceu em uma aldeia da Inglaterra. Suam família era pobre, seu pai era um clérigo semi-analfabeto. Hobbes contou com o apoio financeiro de um tio luveiro. Estudou latim e grego. Foi para a universidade, mas não era muito bom aluno. Foi preceptor de William Cavendish, e na casa dele desenvolveu sua intelectualidade, pois passava o tempo livre estudando na biblioteca. Em 1610 viajou para a França e Itália. Traduziu o livro Guerra de Peloponeso, de Tulcídides. Fez alguns trabalhos literários que o ajudaram a sedimentar suas idéias. Foi secretário de Francis Bacon entre 1621 e 1626. Viraram muito amigos, Bacon achava Hobbes um cara capaz e inteligente. Viajam juntos para o continente europeu , onde Hobbes entra em contato com as novas idéias que estavam se propagando, principalmente na França. Através de um conhecido em comum, conheceu e polemizou com Descartes. Hobbes se interessou pelos problemas sociais. Gosta muito da obra de Euclides, quando a conhece. Em 1640, retorna a Inglaterra. Era defensor da monarquia, dizia que um rei era mais capaz que uma república. Compões então seu primeiro tratado, Elementos da lei natural e política, que falava sobre a política e a justiça. Hobbes é considerado historicamente um filósofo político. No início da crise revolucionária de Charles I , que foi decapitado em em 1649, Hobbes foi obrigado a refugiar-se em Paris. Lá publicou Sobre o cidadão, em 1642. Em 1651 retorna para a Inglaterra, onde publica o Leviatã ou matéria e forma de um estado eclesiástico e civil, Mantém discussões sobre o que é necessário e o que é liberdade. Baseado na recente física, desenvolveu um visão empírica, racionalista, materialista, mecanicista, determinista do mundo e da liberdade. A física falava da lei da inércia, um corpo tende a manter- se em movimento até que uma força feita por um outro corpo o pare. Para Hobbes a liberdade adquire-se com o movimento, e é determinada pela capacidade que um corpo tem de se manter em movimento sem obstáculos. Essa seria a verdadeira liberdade, oposta à liberdade civil. A lei é necessária por ser um obstáculo. No racionalismo de Hobbes, ele parte da natureza e a reduz a elementos simples, buscando uma realidade concreta.
Hobbes levantou objeções à filosofia de Descartes. Ele aceita a proposição Penso, logo existo, mas pergunta: de onde viria o conhecimento para se afirmar "eu penso"? E responde que não podemos conceber qualquer ato sem um sujeito que o pratique. E uma coisa que pensa tem que ser corporal. Sua resposta foi refutada por Descartes, que a chamou de sem razão e lógica. Descartes não aceita que todas as substâncias sejam corpóreas, e afirma a existência de um dualismo, há uma substância corpórea outra espiritual, intelectual. A substância corpórea é delimitada pelo movimento, é uma figura. A substância intelectual está em atos como pensar, imaginar, que estão ligados à consciência. Hobbes não admite a associação entre entendimento e imaginação. Toda mudança se liga à um movimento modificado. Hobbes estende o mecanicismo para o espírito. Os sentidos percebem o movimento exteriores e começas a agir, os órgãos que sentem esse ato são primeiro o cérebro e depois o coração. O coração inverte o sentido do movimento. Essa reação dá resultado na sensação, o conhecimento do princípio, do qual a ciência deriva. Para Hobbes, há uma ruptura entre a realidade e a linguagem, na ciência, as coisas que fazem o conhecimento científico não passam de nomes.
Hobbes foi determinista, achando que o que existe está previamente determinado por uma lei mecânica. O livre arbítrio é ilusório, fala-se dele porque não se conhece as causas das decisões.
Hobbes acreditava na igualdade entre os homens. Mas toda a humanidade tem um lado perverso e egoísta. Assim, o estado de natureza, em que o que é útil é o direito, teria que ser barrado pela civilização, controlada em um estado absoluto, com o poder do monarca também absoluto. Como o próprio Hobbes diz, o homem é o lobo do próprio homem, ou seja temos de abrir mão de certos aspectos da nossa natureza agressiva e de nossa liberdade para podermos viver em comunidade. No estado de natureza, o que torna todos iguais é o medo do próximo. O medo põe o limite, pois todos são igualmente vulneráveis. A cooperação entre os indivíduos, que caracteriza uma vida em sociedade, é regida por um acordo artificial. Esse acordo resulta num Estado. A paz é o modo mais fácil de solidificar a preservação das pessoas. A auto preservação é um instinto. Para se igualarem os direitos faz-se um pacto, válido enquanto a vida não for ameaçada, e chega-se à sociedade civilizada. Assim o homem se submete à uma lei mora. A moralidade vem do raciocínio em cima dos atos, não façamos à terceiros aquilo que não gostaríamos que fizessem a nós. Tudo aquilo que leva para a paz é enquadrado, assimilado pela lei moral.
O Leviatã, ou a função do soberano é garantir a segurança e o avanço econômico, saúde, enfim o bem dos súditos. Seu sucesso valida seu poder. Hobbes associa o despotismo a um consenso, ao pacto social. O despotismo é necessário para assegurar o pacto social, que rege a vida civil. Não é validado pelo direito divino. A religião deve estar submetida ao Estado, as leis deste são mais importantes que as leis divinas.
Outras obras importantes: Sobre o corpo, Sobre o Cidadão, Sobre o homem.